O
melindre – filho do orgulho – propele a criatura a situar-se
acima do bem de todos. É a vaidade que se contrapõe ao interesse
geral.
Assim,
quando o espírita se melindra, julga-se mais importante que o
Espiritismo e pretende-se melhor que a própria tarefa libertadora em
que se consola e esclarece.
O
melindre gera a prevenção negativa, agravando problemas e
acentuando dificuldades, ao invés de aboli-los. Essa alergia moral
demonstra má vontade e transpira incoerência, estabelecendo
moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma.
Evitemos
tal sensibilidade de porcelana, que não tem razão de ser.
Basta
ligeira observação para encontrá-la a cada passo:
*
É o diretor que tem a sua proposição refugada e se sente
desprestigiado, não mais comparecendo às assembleias.
*
O médium advertido construtivamente pelo condutor da sessão, quanto
à própria educação mediúnica, e que se ressente, fugindo às
reuniões.
*
O comentarista admoestado fraternalmente para abaixar o volume da voz
e que se amua na inutilidade.
*
O colaborador do jornal que vê o artigo recusado pela redação e
que se supõe menosprezado, encerrando atividades na imprensa.
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A cooperadora da assistência social esquecida, na passagem de seu
aniversário, e se mostra ferida, caindo na indiferença.
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O servidor do templo que foi, certa vez, preterido na composição da
mesa orientadora da ação espiritual e se desgosta por sentir-se
infantilmente injuriado.
*
O doador de alguns donativos cujo nome foi omitido nas citações de
agradecimento e surge magoado, esquivando-se a nova
cooperação.
*
O pai relembrado pela professora das aulas de moral cristã, com
respeito ao comportamento do filho, e que, por isso, se
suscetibiliza, cortando o comparecimento da criança.
*
O jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta,
rebelando-se contra o aviso da experiência.
*
A pessoa que se sente desatendida ao procurar o companheiro de cuja
cooperação necessita, nos horários em que esse mesmo companheiro,
por sua vez, necessita de trabalhar a fim de prover a
própria
subsistência.
*
O amigo que não se viu satisfeito ante a conduta do colega, na
instituição, e deserta, revoltado, englobando todos os demais em
franca reprovação, incapaz de reconhecer que essa é a hora de
auxílio
mais amplo.
O
espírita que se nega ao concurso fraterno somente prejudica a si
mesmo.
Devemos
perdoar e esquecer se quisermos colaborar e servir.
A
rigor, sob as bênçãos da Doutrina Espírita, quem pode dizer que
ajuda alguém? Somos sempre auxiliados.
Ninguém
vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente. Todos nós aí
comparecemos, antes de tudo, para receber, sejam quais forem as
circunstâncias.
Fujamos
à condição de sensitivas humanas, convictos de que a honra reside
na tranquilidade da consciência, sustentada pelo dever cumprido.
Com
a humildade não há o melindre que piora aquele que o sente, sem
melhorar a ninguém.
Cabe-nos
ouvir a consciência e segui-la, recordando que a suscetibilidade de
alguém sempre surgirá no caminho, alguém que precisa de nossas
preces, conquanto curtas ou aparentemente desnecessárias.
E
para terminar, meu irmão, imagine se um dia Jesus se melindrasse com
os nossos incessantes desacertos...
Cairbar
Schutel
Francisco
Cândido Xavier / Waldo Vieira – O Espírito da Verdade